quinta-feira, 14 de abril de 2011

Jantar anarquista

Claudinha e o "camarada" do Les Temps des Cerises

Paris, 14 abril 2011. Vários amigos estão passando por Paris. Anteontem, jantei com Claudinha no Au Temps des Cerises, um restaurante anarquista na região de Butte-aux-Cailles, que tem mesas coletivas, o que acaba facilitando o contato entre as pessoas, e uma tropa de empregados-sócios-cooperativados, ou coisa que o valha, de modo que n’y a pas de patron, como disse um deles, que posou para uma foto com Claudinha ao fim da jornada gastronômica. Ela comeu um pavê de salmão e eu, um entrecôte grillé e matamos uma garrafa de um tinto de Turenne. Claudinha, que não é fácil de agradar, gostou muito. Hoje, ela embarcou para a Turquia.

Ontem, foi a vez de Orlando Hill, amigo do século XII, que vive em Londres, pegar o Eurostar, para passar o dia em Paris. Foi a uma exposição do Pierre Fatumbi Vergé e, depois, nos encontramos no Café de L’Industrie para almoçar: Confit de canard com batatas coradas. Sendo meu amigo brasileiro de origem britânica-cearense, atacamos de cerveja: Leffe. Depois, caminhamos pelo Marché d’Aligre e tomamos um café no Penty. Mostrei a casa de Marta & Ruben e atualizamos a conversa. Agora, é minha vez de retribuir a visita. Quanto a mim, ontem jantei num indiano perto de casa, com especialidades do sul da Índia (comi uns camarões cozidos ao curry com arroz basmati) e ainda tomei uma saideira no La Folie en Tête, de onde acompanhei o burburinho do Butte-aux-Cailles.

A placa à entrada do restaurante já indica que a parada é a cozinha

Fora essas orgias gastronômicas e etílicas, trabalho duro na pesquisa e corro atrás de papeladas burocráticas (ontem traduzi, enfim, minha certidão de nascimento para dar entrada na carte de séjour). Quanto aos estudos, estou mergulhado nas leituras. Já fichei vários textos sobre gentrification, urbanismo e ainda descolei uma dissertação sobre o Marché d’Aligre, feita à moda funcionalista. Muito interessante. E creio que este é o único trabalho de cunho antropológico sobre este quartier parisiense. Estou ansioso para pegar minhas notas sobre Botafogo e começar a escrever uma monografia contrastando os dois bairros. Há muitas coisas similares e completamente díspares entre as duas regiões e os processos de transformação urbana.

Hoje é o meu último dia de aula na Alliance. A partir de agora seguirei por conta própria. Foi um adianto, mas é muito caro (quase 190 euros por cada duas semanas). É o tipo de curso desenhado para quem tem grana e tempo sobrando, o que não é, definitivamente, o meu caso. De qualquer modo, o que já fiz até foi um adianto. Descobri que estou quase no nível B1, que é o início do intermediário, segundo os padrões europeus. Bem, em termos práticos, consigo ler e entender bem, falo ainda timidamente e escrevo com dificuldade (mas com a ajuda do tradutor do Google, me viro muito bem). Até o fim desse séjour, estarei com certeza mais afiado.

O balcão do La Folie en Tête. A foto está um pouco escura, mas há um instrumento de sopro inusitado em cima do balcão, que é uma peça de decoração insólita

Falando em Alliance, estou justamente fazendo este post da cantina da escola, que tem Wi-Fi. Daqui a pouco começa minha aula. A bientôt!

4 comentários:

  1. Paulo, não sei se vc conhece, mas eu uso um dicionário fra-por/fra-fra online p/trabalhar que é muito bom (e tem várias outras línguas) http://dictionary.sensagent.com/
    Dá um olhadinha. Bjs! Cris

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  2. Valeu, Cris. Aquela sua dica do parquímetro foi ótima. Não fico mais desornteado quanto às horas em Paris. Vou ver esse dicionário... Hj fui minha última aula aqui. Uma pena... Bjs.

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  3. Querido, que prazer acompanhar suas experiências daqui através destes seus relatos tão ricos e vívidos. Estou num natureba no Centro, mastigando arroz cateto e sentindo confit de canard!!! Delícia!

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  4. Oi Angèle! Pois é, confit de canard com coradas. Um prato saboroso e perigoso. Uma vez por mês e olhe lá... Mas perigoso mesmo são as sobremesas, especialmente o crème brulé... é duro resistir. Bjs.

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