segunda-feira, 11 de abril de 2011

Judeus e palestinos no marché d'Aligre

Hoje entrou em vigor a lei que proíbe o uso em público de veu, máscara ou qualquer indumentária que esconda o rosto. Uma lei destinada às muçulmanas que usam burka. Hoje protestos na cidade

Paris, 11 abril 2011. Comme d’habitude, trabalhei ontem em minha pesquisa, fazendo observações a partir do Café Le Penty. Mas antes, havia acordado às 5h40 da manhã para chegar ao mercado bem no início, quando a feira externa ainda está sendo montada. Praticamente não havia fregueses, só feirantes e as pessoas que trabalham no mercado. Dei uma circulada, fiz algumas fotos (um casal de feirantes reclamou, dizendo que se quisesse fotografar que pagasse... mandei-os pastar, como não poderia ser de outra forma, mesmo porque não os estava fotografando, mas sim a feira em geral). De qualquer modo, a luz não era boa para fotografar, pois o sol ainda estava baixo e os prédios faziam sombra. Mas foi bom o conflito para acordar.

Em seguida, circulei pela parte coberta do mercado (o Marché Beauvau). Lá, nem todas as lojas estavam abertas. O chão estava molhado da lavagem, e carregadores de mercadorias entravam e saíam com carrinhos de entrega cheios de caixas de madeira, com produtos. Todo mundo concentrado nas suas tarefas. E, por fim, fui tomar um café para esquentar (estava fazendo uns 14 graus, mas depois a temperatura passou dos 23 graus).

Primeiro, como contei no post anterior, fui ao Kofe, um café de esquina como o Le Penty, mas do outro lado. Havia uma mulher lendo o jornal e tomando café, sentada a uma mesinhas da calçada. Dentro, dois magrabinos conversavam, ocupando uma mesa. Pedi um expresso no balcão e me sentei do lado fora para observar o movimento. Logo, ao meu lado, três homens se sentaram para tomar café. Eram trabalhadores do mercado que, segundo Marta, fazem um bico carregando mercadorias para os feirantes e comerciantes, sendo pagos por hora. Eles conversavam em árabe entre eles.

À tarde voltei ao Penty. Fiquei na parte interna, onde havia um palestino fazendo uma reunião com uma mulher importante, mas desconhecida para mim. Ele vinha pedir o apoio dela à sua organização em Jerusalém. Ele falava em inglês, e um outro homem, que ficava o tempo todo com um laptop sobre a mesa, traduzia para a mulher. Depois todos passaram a falar em inglês, sobre a importância de apoiar esse grupo.

A montagem da feira no Marché d'Aligre, domingo bem cendo. Sem os clientes, em vez do pregão, ouvimos conversações em árabe

Mas não consegui saber qualquer detalhe, nem estava muito interessado nisso. Meu interesse era observar a reação do patron do Le Penty, chamado pelos habitués de Joujou (ou coisa que o valha), que é um judeu tunisiano (aproveito para corrigir sua nacionalidade: ele não é egípcio, mas sim tunisiano, aliás como a maioria dos comerciante do Marché d’Aligre). Mas, ele não estava nem aí. Continuou atendendo normalmente e, quando o trio foi embora, fez uma piada sobre gente importante em seu café (os fregueses habitués e as filhas riram da piada). Mas não ouvi direito o que ele disse.

O Joujou é um tipo muito interessante, mas anda esquecendo as coisas. Às vezes é preciso repetir o pedido para lembrá-lo, ainda mais porque em Paris pode-se ficar à mesa por horas sem que ninguém venha falar com você. A essa altura já sou um estranho conhecido. As filhas são muito atenciosas, e o patron é mais de lua, mas quase sempre bem gentil. Bem, é isso. À bientôt!

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