sábado, 19 de fevereiro de 2011

Parcours commenté


Paris, 19 fevereiro 2011. Choveu o dia inteiro e a temperatura oscilou entre 5 e 7 graus. Acordei bem tarde, depois de passar a primeira noite de Paris com câimbras nas pernas (estou ficando velho!). Me levantei quase 13h. Fiz um brunch com Marta e Lorenzo. Ruben já tinha ido para a TV 5, onde ia trabalhar o dia inteiro até a madrugada (pescoção). Comemos baguettes, três queijos (um de jovem ovelha que parecia um roquefort bem suave, muito bom), café e uma espécie de marmelada feita pela chef da escola de culinária do Lorenzo. Em seguida, eu e Marta fomos comprar um tênis. O meu estava em petição de miséria e todo molhado. Impossível usá-lo aqui. Conseguimos um excelente tênis de montanhismo que, com um pouco de malandragem e desconto, saiu por 20 e poucos euros, em vez dos originais 70 euros...

Depois Marta fez um parcours commenté comigo no Marché D'Aligre, onde vou fazer meu trabalho de campo. Ela já fez várias reportagens sobre o bairro e conhece muitas histórias, além de morar nele e observar a transformação que se dá a olho nu. A foto acima é de um hotel do bairro, com diárias de 70 euros, que se transformou num favelão, onde vivem sem-teto financiados pelo governo (três mil euros por mês) e imigrantes, a maioria magrebinos. O bairro está sendo invadido pelos bobos, o pessoal de classe média, que vem em busca de uma noção de autenticidade que o bairro oferece. Uma diferença para o Rio é que em Paris não se pode derrubar os prédios. Estão todos preservados na fachada. Dentro é outra história. Ao passar o portão, tudo muda.

Uma das ruas do Marché D'Aligre que está passando por um processo de "revitalização": as mudanças são internas porque não se pode mexer na fachada

Andamos umas duas horas pelo bairro e decidi me concentrar nesse campo, que acho que tem mais a ver para fazer uma comparação com Botafogo do que Belleville. Até porque vou ficar pouco tempo em Paris para poder fazer uma etnografia de verdade. Vai ser mais um levantamento. Um mapeamento inicial para ser continuado no futuro.

Demos uma pausa em casa e fomos jantar fora num bistrot típico do bairro, bem francês, chamado Les Bombis, pertinho daqui, na rue de Chaligny. Comi um pato ao molho de chocolate com um tinto, numa pequena extravagância gastronômica. Depois, em casa, conversamos até a volta de Ruben. Mais um tinto antes de dormir, afinal, hoje é sábado. Agora já posso ir dormir e sonhar com minha morena tropical...

4 comentários:

  1. Paulinho, começastes bem. Tenho certeza que no teu ritmo e na boa companhia que tens, teu trabalho vai ser um sucesso! Reparei no toldo preto, da segunda foto, um la goudale. Uma boa idéia... excelente cerveja! um beijo, meu querido.

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  2. Vou acompanhar sua aventura por aqui, quem sabe não nos encontramos em junho por aí... bjos!

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  3. Caríssima Ips, você é minha interlOUcutora imaginária nessas caminhadas por tudo o que conversamos. Uma coroa passou por mim e Marta e nos olhou com fúria e disse: "Encore les étrangers ici!"... são os moradores antigos de saco cheio dos moderninhos e bobos que chegam às pencas. Bjs. pt.

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  4. Renata, vamos nos embebedar em junho!

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