domingo, 20 de março de 2011

A "leblonização" do Marché d'Aligre

O Penty, boteco de esquina em frente à praça do mercado d'Aligre. Começa a se bobotizar...

Paris, 20 março 2011. Ontem foi um dia feio, de chuva e frio, só saí para dar uma caminhada e comprar suprimentos: uma garrafa de tinto e queijos variados (dois cremosos de cabra e dois mais durinhos de vaca, de regiões diferentes) e um franguinho para fazer num molho apimentando, usando as épiceries da Marta. Avancei nas leituras. Mas ainda há muito texto pela frente, tudo em francês. Também concluí a reportagem sobre o canibalismo e editar as fotos. Enviei tudo para o Globo, espero agora um retorno.

Hoje, o domingo abriu lindo neste domingo, com o sol dando as caras na cidade e a temperatura quente o suficiente para caminhar com o manteau aberto, sem cachicol e gorro. Apenas um friozinho parecido com o da região Serrana do Rio. Fui então ao terrain de pesquisa fazer um pouco etnografia. Mapeei o mercado d’Aligre e seu entorno. É impressionante como os cafés, boulangeries e lojas se sofisticaram para atender o novo morador com mais recursos financeiros. O comércio rapidamente se adpata, sobretudo quando é para puxar os preços para cima. Parece tanto com o que aconteceu com o Leblon nos últimos 30 anos e começa a acontecer em Botafogo. Mas ainda há uns dois pés-sujos no entorno da praça d’Aligre.

Meu bloco de campo, com o mapa do mercado d'Aligre e arredores, com indicação do comércio local

O botequim que conheci em 1995, como um reduto magrebino, de vizinhança, hoje só tem alta classe média. Pelo menos o bar não mudou muito. Continua vendendo sua cerveja barata (abaixo de 2 euros, uma raridade em Paris) e a generosidade de servir sempre alguma coisinha de tira-gosto, como batatas calabresas. E daqui, quando for época, os mexilhões ao limão, com vinho verde, especialidade do boteco, que se chama Penty. Nome besta, mas é pé-sujo de verdade.

Le Baron Rouge, sucesso total, é uma espécie de Jobi e Bracarense. Atrai uma multidão, que não consegue entrar e acaba sendo atendida na calçada. O menu é excelente, com boa carta de vinho e cerveja

Para poder trabalhar com todos esses conceitos, que são relativamente próximos, embora não signifiquem a mesma coisa, resolvi escrever um artigo a quatro mãos com Soraya, relacionando dandy, gentrifier, yuppie, bobô e playboy. Buscando as raízes históricas e as apropriações antropológicas desses termos hoje em dia. E é isso que vou fazer agora. A Bientôt!

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