terça-feira, 1 de março de 2011

Western e chucrute

A programação cultural do bairro é colocada nesses monumentos

Paris, 1 março 2011. E o carnaval come solto no Rio. Meus amigos quase todos na folia. Também voltou a chover na região Serrana, o que me dá calafrios à distância. Ou seja, permaneço mais ou menos antenado com as coisas da minha terra, ao mesmo tempo em que vou aos poucos me inserindo nesta cidade, paraíso de estrangeiros. Hoje, tenho uma reunião com o professor Laurent Thévenot e a galera da École. Também vou, enfim, me matricular na Aliança, para dar um gás no francês. Entendo bem, leio bem, mas estou falando ainda pobremente, com vocabulário limitado. Preciso melhorar para fazer bem o trabalho de campo.

Ontem, eu, Marta e Ruben fomos ao cinema no complexo de salas da biblioteca Mitterrand. Vimos o filme dos irmãos Coen, True Grit (não me lembro como o batizaram no Brasil). Confesso que achei fraquinho, nem parecia um filme dos brothers Coen. Agora quero ver Black Swan (Cisne Negro no Brasil?), sugestão de Soraya. Vi que está passando num cinema de rua, perto da Nation. Depois do filme, eu e o casal fomos jantar numa brasserie perto da Gare de Lyon: L’Européen. Fazia uns três graus e ventava, de modo que ataquei um prato de lingüiças alemãs com chucrute (choucroute royale) e meia garrafa de tinto. Um exagero! Depois fomos caminhando para casa (uns 5 minutos) e subi os seis andares de escada para metabolizar tanta informação nutricional.

Nas entradas do metrô e pontos de ônibus estão os mapas com as linhas

Tenho dormido profundamente aqui e sonhado muito. Sonhos nítidos e cheios de aventuras. O frio permite um sono gostoso (me lembro do calorão no Rio) embaixo das cobertas. Mas, no geral, prefiro o calor ao frio. É tanta roupa para vestir e tirar o tempo todo. O cachecol que Denise me deu acabou sendo um presentão, extremamente útil. As vezes anteriores que estive aqui, o tempo já estava mais quente. Não me lembrava de tanto frio como o que peguei aqui agora.

Ontem à tarde fui ao Marché d’Aligre ver como fica o cartier no dia em que o mercado não abre. Muitas lojas fechadas, os africanos sem-teto na esquina. Comprei mais queijos e baguette no Franprix, com uma garrafa de um Haut Médoc de 2000 (uns 15 euros). Já me ensinaram que os vinhos da região de Bordeaux têm que ter pelo menos três anos de idade, pois são vinhos bem encorpados. O pessoal aqui tem preferido vinhos tintos mais leves, como os de Turenne, entre outros. Eles recomendam que se compre nas caves, sob orientação enólogos, segundo o tipo de comida que se vai preparar. Harmonização é importante ao extremo, dizem.

Também há indicações por todos os lados. E difícil se perder por aqui

No supermercado, os bons vinhos devem ter, além da data relacionada à região, indicações de engarrafamento, au chateau ou a la proprieté são boas indicações, em contraste com os engarrafados na indústria (onde pode haver uma maior mistura de uvas). Também há vinhos premiados, o que é uma boa dica. Por fim, o preço também é um indicador. Um vinho razoavelmente bom começa em torno dos 7 ou 8 euros. Daí pra cima.

Hoje continua frio, mas o sol abriu radiante (os dias, em geral, têm sido de nuvens ou mesmo chuva). E Paris fica realmente linda sob o sol. Uma das coisas que me encanta ao caminhar pelas ruas, alamedas, passagens, avenidas e bulevares são as linhas arquitetônicas tão harmônicas, formando longas perspectivas. No Rio, com tantos prédios de padrões irregulares e as montanhas é difícil ter essa noção. Mas o frio é meio chato (o momento do banho é um tormento, tem que correr do chuveiro para a toalha para não congelar).

A coleta de lixo aqui é seletiva. Esse aparato é para garrafas, que são trituradas e reaproveitadas


Fora isso, estou caindo em leituras profundas. Nunca tive tanto tempo livre para estudar e quero tirar o máximo de proveito para aprofundar certas leituras. Também quero aproveitar para exposições incríveis que estão rolando pela cidade e ver shows de música que dificilmente terei chance de ver no Rio. Estou querendo ver, por exemplo, um som dos países do Leste da Europa, aquela coisa meio cigana que o Kusturica usa em seus filmes, uma mistura de jazz com flamenco e música cigana. Enfim, tenho que aproveitar as oportunidades que a cidade oferece.

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