sexta-feira, 4 de março de 2011

Música no metrô 1

As pessoas meio que passam batidas, mas também tem muita gente que pára para ouvir

Paris, 4 março 2011. Fui me matricular ontem na Aliança Francesa de Paris. Vou fazer três aulas de três horas por semana durante duas semanas. Um intensivão só pra soltar a língua (êpa!) e tirar melhor proveito dessa temporada. Entendo quase tudo e compreendo tudo o que leio. Mas na hora de falar e escrever ainda bate uma timidez. Para chegar à Aliança, no boulevard Respail, vindo da casa de Marta e Ruben, preciso pegar a linha 1 do metrô (Reuilly Diderot) rumo à Défense, e trocar pela 4 na estação Chatelet, rumo à Porte D’Orléans, e descer na estação Saint-Placide, et voilá: l’Alliance est juste à côté. Paguei uma baba entre inscrição e curso: 240 euros e ainda falta comprar um livro (que vou buscar num sebo). Fiquei pobre, mas ganhei uma carteirinha de estudante (feia pra burro). As aulas começam a partir da próxima semana e serão às segundas, terças e quintas, de 13h30 às 16h30.

Na semana que vem também vou me encontrar com um pesquisador da École, um geógrafo chamado Antoine Fleury, que fez pesquisa sobre gentrification em Paris. Ele, por coincidência é inquilino de Nathalie, amiga da Marta, que nos apresentou por e-mail. Ele já me passou um artigo recente que escreveu sobre o tema: Politiques urbaines et gentrification, une analyse critique à partir du cas de Paris. A questão da gentrification está atraindo a atenção de pesquisadores aqui na França de várias áreas: economistas, arquitetos, urbanistas, geógrafos, antropólogos, sociólogos e jornalistas. Os gentry são aqueles burgueses interioranos do Reino Unido, típicos personagens das novelas da Jane Austen, por isso acho que o conceito de gentrification fica muito ligado a essa idéia. É preciso problematizar essa questão. Continuo preferindo um neologismo como bobotization, já que bobo (pronuncia-se bobô) tem mais a ver com yuppies.

As estações de metrô que fazem ligações entre linhas paracem labirintos...

Mas voltando à Paris propriamente dita, hoje vou ao banco pegar meu cartão (uma bela carte bleu, mas que não vale nada, já que a conta está zerada, pois a Capes vai demorar para pagar a bolsa...). Tenho que segurar a onda com uns 100 euros até a grana pingar. Ainda bem que o Globo pagou o PAR, do contrário estava cantando no metrô ou apelando à piedade dos parisienses, afirmando que estou ficando neurótico com a burocracia das bolsas de estudo... bastava ter um cachorrinho meio ferrado e acho que conseguiria obter uns trocadinhos. Mas, por enquanto, como dizem os americanos, so far so good. Vou levando.

Falando em cantar no metrô, ontem, na estação Chatelet, quando fazia a baldeação para a linha 4, cruzei com uma pequena orquestra de cordas! Na estação Saint-Michel já tinha visto uma menina muito boa (cantora), soltando a voz com um violão. Mas uma orquestra de cordas é impressionante! Fiz umas fotos (dessa vez não esqueci a câmera).

... mas como tudo é tão bem sinalizado, é difícil se perder

Depois do banco, vou ao Café L’Industrie tomar uma cerveja, afinal é sexta-feira, véspera de carnaval. Não que haja qualquer sinal disso por aqui. Mas em homenagem aos meus amigos foliões, farei um brinde silencioso e solitário no meu boteco preferido de Paris. Um beijo em todos.

4 comentários:

  1. Olá Paulo!
    Música boa para quebrar a rotina! [sorrio]

    “Para o legítimo sonhador não há sonho frustrado, mas sim sonho em curso” (Jefhcardoso)
    Gostaria de lhe convidar para que comentasse a minha crônica “Hóstia sagrada e água benta”. Ok?
    Jefhcardoso do http://jefhcardoso.blogspot.com

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  2. Salve, Jef. Vou dar uma olhada lá. Abs. pt.

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  3. Paulinho, estão lindas as fotos do metrô. Em Chatelet tem uma família cigana e todos tocam endiabrados. Fiquei até com dúvidas se não são os da primeira foto. Cara... como eu tenho pensado nos amigos daí. Recebi dois telefonemas daí esses dias. Saudades do cinza nesses dias de gargalhadas obrigatórias. Mas tá bem também, sabendo que as cidades maravilhosas do mundo continuam em seus lugares. Beba uma boa Leffe por mim.

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  4. Sonzeira no metrô. Vou fotografar mais depois. Beijo!

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